02/12/2010

Sucre, cidade colonial cheia de cor

Depois de carregar energias em Samaipata, onde a natureza fala mais alto e a mente relaxa, avancei para nova cidade, Sucre, capital da Bolívia. A estrada que une ambas as cidades é simplesmente assustadora. São 12 horas de viagem e a estrada é em terra batida com profundos precipícios a dizer-nos olá logo do outro lado da janela. Para melhorar a coisa convém lembrar que estamos na Bolívia portanto cintos de segurança e afins é coisa que não existe.
De qualquer das maneiras, lá cheguei sã e salva a Sucre. Contudo e porque nem tudo são rosas ficamos num Hostel um tanto ao quanto esquisito. Chama-se Cruz de Pompoyan e digamos que a simpatia não é regra da casa. Aqui foi-nos negado o acesso ao facebook sobre a justificação de “porque sim” e aspectos tão importantes como ter um frigorifico para colocar as bebidas a refrescar não foram tidos em conta pela gerência. O cartão-de-visita não foi bom logo de inicio, mas Sucre acabou por revelar algumas maravilhas.


Começamos por visitar a Plaza de Las Armas, considerada uma das mais bonitas praças da América do Sul. Desta zona central temos acesso imediato à Catedral, bem como à Casa da Cultura, dois locais com uma arquitectura bem interessante. Junto à Plaza existem vários casarões coloniais, a maioria deles transformados em bancos, que valem a pena ser admirados com pormenor. No Domingo, como não podia deixar de ser, enfiamo-nos numa mini van com mais 22 pessoas (excluindo dois bebes que não contam para estatísticas) a caminho da Feira de Tarabuco. Foi uma verdadeira sardinha enlatada, mas pelo preço de 8 bolivianos (cerca de 0,80 cêntimos de euro) para 60 km até que não está mal, e a aventura é isso mesmo. Tarabuco é repleto de cores, diferentes formas de artesanato, histórias e muitas lendas. Os preços que aqui se praticam são quase absurdos. Encontram tecidos, carteiras, cachecóis, luvas, meias, roupa, gorros, colares, tecidos, calçado, produtos regionais, enfim todo o tipo de souvenis possíveis a bom preço. Para terem uma ideia comprei uma carteira de mulher toda trabalhada à mão por 1,50€. Alto negócio hein? A praça de Tarabuco é uma referência. Nela podem ver a estátua de um indígena tarabuquenho com um coração de um soldado espanhol na mão. Reza a história que quando os espanhóis invadiram esta cidade carregados de armas, os indígenas resistiram com o que tinham e mataram de forma violenta os muitos espanhóis arrancando-lhes o coração e bebendo o seu sangue em jeito de vitória.


No dia seguinte visitamos pela manhã o Museu Nacional de Etnografia e Folclore, situado próximo da Plaza. A título gratuito tivemos a oportunidade de ver as diferentes máscaras que caracterizam as festividades bolivianas, sendo que a generalidade delas pode ser encontrada em Oruro, conhecido por ter o melhor Carnaval da Bolívia, e na região de Beni já pertence à Amazónia Boliviana. No mesmo edifício, mas no segundo piso, podem observar o modo de funcionamento das antigas tribos que habitavam esta região e que diga-se de passagem tinham excelentes conhecimentos de engenharia hidráulica para a altura. Da parte da tarde demos um salto ao Parque Cretácico. O Parque em si é absolutamente inútil para os 30 bolivianos que se têm de pagar de entrada, e embora seja considerado o maior parque paleontológico do mundo, a verdade é que é demasiado pequeno e não tem muita informação. De qualquer modo, perto dele há um grande mural onde é possível observar diversas pegadas de dinossauros com mais de 68 milhões de anos. A vista da cidade a partir deste local é também digna de ser postal.


Despedimo-nos de Sucre com uma ida ao Joy-Ride, um bar que tem o slogan “No solo para gringos” mas que na verdade só é frequentado por gringos (estrangeiros) lol. Fomos ver o Real Madrid de Cristiano Ronaldo e José Mourinho apanharem 5 secas numa partida emocionante contra o Barcelona. O rumo seguinte? A cidade mais alta do mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário