25/09/2010

Bahia...terra de malandragem na capoeira

Olá fiéis leitores :P


Depois da minha passagem pelos Estados Unidos da América, surge agora no roteiro o país da malhação, do futebol, do samba, e da capoeira, o Brasil.
O estado por onde tenho estado é a Bahia, tropical no clima, pobre financeiramente, com muita influência portuguesa na arquitectura e na alimentação, e com capoeira em todas as esquinas. Assim é um dos maiores estados brasileiros, conhecido na história por ser o porto de muitos portugueses durante o período dos Descobrimentos.
Encontro-me hospedada na Quinta das Lagoas, em Guarajuba, situada no Litoral Norte da Bahia, a cerca de 80 kms da cidade de Salvador. Aqui reina uma paz anormal, o tempo passa devagar, não há frenesim de carros, não há música alta, apenas vegetação abundante e de quando em vez uma visita do reino animal hehe.

Mas perto de Guarajuba, fica a Praia do Forte. Turística é certo, esta pacata vila piscatória é um excelente sítio para viver a euforia bahiana, mas sem o risco de insegurança. Há capoeira, há sorvete, há caipirinha, e sempre MPB e Axé Music no rádio. Embora por agora esteja tudo muito calmo, porque estamos a iniciar a Primavera no Brasil, quando o tempo aquecer ainda mais esta pequena vila ganha vida própria e é gente a entrar e sair constantemente.

Igualmente perto da Praia do Forte e de Guarajuba fica a Aldeia Hippie de Arembepe. No passado esta vila teve milhares de habitantes, porque o movimento hippie era muito forte na década de 60, mas agora está limitada a umas dezenas de habitantes frequentes e alguns viagentes nómadas que ficam por lá umas semanas e depois seguem rumo a outras paragens. O principal meio de subsistência aqui é o artesanato e formas de expressão artística como a pintura, a escultura, etc. É um sitio com pessoas maravilhosas que a mim me deixaram tipo menina deslumbrada na Disneyland hehe.

Mais para sul fica a cidade de Salvador. Esta realidade é bem diferente do que falei até aqui. O trânsito é caótico, há imensas favelas, muita pobreza, muito lixo nas ruas, mas há também um encanto especial que me fez apaixonar pela cidade. Talvez seja o toque do berimbau que a todo o momento se ouve, talvez seja o facto de estar sempre a conhecer mestres de capoeira, praticantes e haver constantemente rodas de capoeira, pode ser que seja também a simplicidade das pessoas, o facto de me identificar com estas gentes e com esta alegria e positivismo. Não sei, o que sei é que Salvador é lindo e que quero explorar esta terra ao máximo.

Dividida entre parte baixa e alta, Salvador é abastecida pelo Elevador Lacerda que por 0,15 reais permite a deslocação de um lado para o outro. Em baixo fica o Mercado Modelo, onde todos os produtos artesanais e de gastronomia local estão à venda. Diria que este é o paraiso dos capoeiristas, porque há aqui de tudo à venda e no exterior há sempre rodinha para assistir e participar. Em cima fica o Terreiro de Jesus, o Pelourinho, a Escola de Mestre Bimba e o Museu de Jorge Amado, todos eles são sitios maravilhosos onde se respira a cultura bahiana. Não deixem de beber um chope (cerveja) gelado, uma caipirinha de fruta ou um suco natural. Aqui é tudo delicioso.
Nas próximas postagens falar-vos-ei de outros sitios por onde passei. Mas calma, aqui a net é a passo de caracol portanto vão deixando os vossos comentários e sugestões.
Beijinhos

06/09/2010

A experiência Burning Man

Antes de mais deixem que vos diga uma coisa…ter ido ao Burning Man foi a experiência mais transcendente da minha vida e sem duvida o ponto alto desta minha passagem pelos Estados Unidos. Considerado o maior festival de expressão artística no mundo, o Burning Man acontece anualmente no Black Rock Desert, Estado do Nevada, e é uma viagem que supera qualquer expectativa. As razões essas são muitas, mas de uma forma resumida tentarei partilhar convosco um pouquinho da filosofia deste encontro de culturas. Como muitos de vocês sabem durante o Burning Man não existe dinheiro, ou seja, a comunidade funciona tendo por base um sistema de troca directa. Acreditem que um simples facto como este faz toda a diferença. Ninguém vai a este festival para fazer dinheiro, as pessoas afastam-se do egoísmo e assumem uma postura de partilha total e absoluta. Têm sede, alguém vos dará de beber seja álcool, água ou sumos. Têm fome, há grupos que vos oferecem o pequeno-almoço, o jantar, o que quiserem. Precisam de luz para serem vistos no escuro, alguém vos oferecerá uma lanterna ou um reflector. Precisam de tomar banho, alguém vos dará banho. Até para vos cortar o cabelo há alguém disponível. É isto que faz o festival ser tão especial, mas há mais. A localização. As condições atmosféricas e geográficas em que o festival acontece tornam-no particularmente especial. A ideia de cada um ignorar o facto de estar todo sujo e ter em mente a racionalização da água conferem-lhe um carácter de selecção natural que de algum modo o impede de se tornar mainstream. Mas estar na playa, o centro do Burning Man, e sentir o vento a passar por nós, olhar à nossa volta e só ver montanha, acreditem é uma experiência aterradora.

Mas a lista de argumentos a favor do Burning Man continua por aqui fora. A multiculturalidade é algo surreal. Gente de todo o mundo reúne-se para um encontro de uma semana onde se espera que partilhem experiências, conhecimento, informação e onde se espera que possam ser aquilo que muitas vezes o mundo real não nos permite. Ir ao Burning Man faz-nos voltar a ter confiança na humanidade. É uma expressão forte, mas é verdade. Há um outro factor fundamental para o Burning Man ser o que é, a inexistência de contacto com o exterior. Telemóveis, internet, televisão, rádio, nada está ao alcance, como tal somos forçados a viver intensamente o presente e libertarmo-nos das correntes que normalmente nos fazem baloiçar entre o passado e o futuro. Estou ainda a viver o rescaldo do Burning Man e escrever sobre isso faz-me querer partilhar muita coisa, mas a verdade é que por mais que escreva dificilmente conseguirão ter uma ideia real do que é ir a este sitio especial e partilhar durante alguns dias esta noção de sociedade e de comunidade. Eu própria antes de ir vi imensos vídeos na internet e li imenso sobre o Burning Man mas jamais poderia imaginar que iria me apaixonar tanto pela mística do local, pelas pessoas, pelo espírito de unidade e partilha. Como alguém dizia por lá “a vida é boa, a vida é divertida, a vida é maravilhosa” e é isto que sentem quando estão lá. As fotografias que aqui partilho convosco são sobretudo de pessoas e isso deve-se a uma razão: o Burning Man não seria a mesma coisa sem as pessoas que aqui vêm e que querem dar um bocadinho de si sem esperar receber nada em troca.

Da Golden Gate Bridge à Castro District, apresento-vos San Francisco

A cidade de San Francisco é mítica, não há dúvidas. Foi inspiração para muitas músicas, é um local de culto no que toca ao movimento hippie, é uma cidade extremamente eclética, despreocupada e despida de preconceitos, e é capital dos gays nos Estados Unidos da América.
Conhecida pela Castro District, San Francisco alimenta a maior comunidade gay e lésbica da América e é um dos locais de referência para quem é fã da década de 60/70. Durante três dias estive de visita a esta cidade do oeste californiano e posso dizer que apesar do frio horrível que se faz sentir até durante o dia, esta pacata cidade junto ao mar é um dos sítios mais encantadores onde já tive. As pessoas são super simpáticas, facilmente se mete conversa com elas, e atracções é coisa que não falta.
A começar pelo Embarcadero Center onde diariamente há feirinhas de artesanato e podem conhecer artesãos locais, qualquer visita a San Francisco requer uma ida à ilha de Alcatraz. Durante anos esta foi a prisão que acolheu alguns dos mais perigosos criminosos da América e visitar este espaço é algo aterrador. Também a Golden Gate Bridge, de cor vermelha, é um ponto de referência, mas para a verem terão de ter sorte porque San Francisco é conhecida pelo nevoeiro intenso e se vos acontecer como a mim estarão por baixo da ponte mas não a conseguirão ver.

Passando à frente a Downtown de San Francisco, com muitos restaurantes, bares e lojas, sugiro que visitem o Golden Gate Park, com jardins muitos bonitos e alguns espaços de visita obrigatória como o Observatório de Flores. Terminando o parque, surge à vossa frente o Oceano Pacífico com todo o seu esplendor. Se tiverem oportunidade, visitem a House Cliff, junto ao mar, e bebam um dos deliciosos cocktails à vossa disposição.


Fiquei igualmente encantada com o Palace of Fine Arts, um edifício que está localizado no Presidio Park e que embora esteja em processo de recuperação é simplesmente angelical com imensos cisnes a nadar junto à entrada. Segue-se ainda a Lombard Street como marco a visitar. Como sabem , San Francisco é geograficamente irregular, com muitas colinas. Como tal, e no tempo em que os transportes ainda se faziam à base da força animal, decidiram que parte desta rua fosse feita aos s para aliviar a inclinação e permitir que os cavalos e outros animais na altura considerados de carga pudessem fazer o percurso sem resvalarem pela colina.

Muito haveria a dizer sobre San Francisco porque é uma cidade grande e cheia de coisas interessantes para se fazer e ver, mas como estou imbuída do espírito do Burning Man vou já passar a esse post hehe.