06/09/2010

A experiência Burning Man

Antes de mais deixem que vos diga uma coisa…ter ido ao Burning Man foi a experiência mais transcendente da minha vida e sem duvida o ponto alto desta minha passagem pelos Estados Unidos. Considerado o maior festival de expressão artística no mundo, o Burning Man acontece anualmente no Black Rock Desert, Estado do Nevada, e é uma viagem que supera qualquer expectativa. As razões essas são muitas, mas de uma forma resumida tentarei partilhar convosco um pouquinho da filosofia deste encontro de culturas. Como muitos de vocês sabem durante o Burning Man não existe dinheiro, ou seja, a comunidade funciona tendo por base um sistema de troca directa. Acreditem que um simples facto como este faz toda a diferença. Ninguém vai a este festival para fazer dinheiro, as pessoas afastam-se do egoísmo e assumem uma postura de partilha total e absoluta. Têm sede, alguém vos dará de beber seja álcool, água ou sumos. Têm fome, há grupos que vos oferecem o pequeno-almoço, o jantar, o que quiserem. Precisam de luz para serem vistos no escuro, alguém vos oferecerá uma lanterna ou um reflector. Precisam de tomar banho, alguém vos dará banho. Até para vos cortar o cabelo há alguém disponível. É isto que faz o festival ser tão especial, mas há mais. A localização. As condições atmosféricas e geográficas em que o festival acontece tornam-no particularmente especial. A ideia de cada um ignorar o facto de estar todo sujo e ter em mente a racionalização da água conferem-lhe um carácter de selecção natural que de algum modo o impede de se tornar mainstream. Mas estar na playa, o centro do Burning Man, e sentir o vento a passar por nós, olhar à nossa volta e só ver montanha, acreditem é uma experiência aterradora.

Mas a lista de argumentos a favor do Burning Man continua por aqui fora. A multiculturalidade é algo surreal. Gente de todo o mundo reúne-se para um encontro de uma semana onde se espera que partilhem experiências, conhecimento, informação e onde se espera que possam ser aquilo que muitas vezes o mundo real não nos permite. Ir ao Burning Man faz-nos voltar a ter confiança na humanidade. É uma expressão forte, mas é verdade. Há um outro factor fundamental para o Burning Man ser o que é, a inexistência de contacto com o exterior. Telemóveis, internet, televisão, rádio, nada está ao alcance, como tal somos forçados a viver intensamente o presente e libertarmo-nos das correntes que normalmente nos fazem baloiçar entre o passado e o futuro. Estou ainda a viver o rescaldo do Burning Man e escrever sobre isso faz-me querer partilhar muita coisa, mas a verdade é que por mais que escreva dificilmente conseguirão ter uma ideia real do que é ir a este sitio especial e partilhar durante alguns dias esta noção de sociedade e de comunidade. Eu própria antes de ir vi imensos vídeos na internet e li imenso sobre o Burning Man mas jamais poderia imaginar que iria me apaixonar tanto pela mística do local, pelas pessoas, pelo espírito de unidade e partilha. Como alguém dizia por lá “a vida é boa, a vida é divertida, a vida é maravilhosa” e é isto que sentem quando estão lá. As fotografias que aqui partilho convosco são sobretudo de pessoas e isso deve-se a uma razão: o Burning Man não seria a mesma coisa sem as pessoas que aqui vêm e que querem dar um bocadinho de si sem esperar receber nada em troca.

6 comentários:

  1. Espectacular! Pena o post ser tão curtinho, apetecia-me imaginar-me lá através das tuas palavras! Sem dúvida que será um ponto de passagem obrigatório no futuro... Contigo, claro! ;)

    ResponderExcluir
  2. Rita é que não tens noção do que o Burning Man. O Boom em comparação com isto é uma amostra. Vai logo que possas :)

    A ti fofito eu depois farei uma apresentação ao vivo da minha experiencia com videos e fotografias para ti em especial, mas para todos que queiram assistir.

    ResponderExcluir
  3. Estou a ver que a tua ida ao Burning Man superou as tuas melhores expectativas...isso é muito bom!
    Vai dando notícias e coloca aí mais umas fotos!!
    beijo menina Camomila =)

    ResponderExcluir
  4. Armando Silva - Pavarotti13 de novembro de 2010 às 10:05

    Não conhecia esse "encontro", mas noto que estás fascinada!! eu estou pessoalmente, porque essa partilha é mesmo o que nos dá o descanso para viver e ser feliz!! fiquei curioso muito curioso :)!! Beijinhos Camomila!!

    ResponderExcluir