26/10/2010

A Chapada da Diamantina – pérola da Bahia



Montanhas, serras, rios, infinitas cachoeiras, fauna e flora exuberante – tudo isso faz da Chapada da Diamantina um lugar perfeito para o ecoturismo e um lugar que dificilmente conseguiremos apagar da nossa memória depois de ter visitado.
Situada na região serrana da Bahia onde nascem alguns dos principais rios da Bahia como o Paraguaçu, Jacuípe e Rio de Contas, a Chapada da Diamantina guarda muitos mistérios nas suas grutas e muitas histórias nas suas pequenas vilas e cidades. A mais conhecida será talvez Lençóis, que concentra em si as cachoeiras do Serrano, da Primavera e do Sossego, além de Ribeirão do Meio, um local que nos permite deslizar com a ajuda das águas puras que por aqui fluem. Apenas pernoitei uma noite em Lençóis, mais concretamente na Pousada São José, que tem um custo diário de 25 reais por quarto, com direito ao pequeno-almoço, ou café da manhã como eles chamam.

De Lençóis segui imediatamente para Palmeiras, a vila mais próximo do Vale do Capão, e última paragem com estrada alcatroada. Daqui são vinte e poucos quilómetros em estrada batida até ao Vale onde estão albergadas pessoas de todo o mundo, pessoas que querem ter um contacto mais próximo com a natureza, e que sobretudo têm consciência ecológica e vontade de coabitar harmoniosamente com o planeta Terra. Entre viajantes que foram ficando e nativos, o Vale do Capão tem uma média de 3.000 habitantes, mas a sua população pode duplicar em períodos de elevado turismo como é o caso dos meses que se seguem. Fiquei hospedada no Sempre Viva que tem pequenos bungalows para alugar e campismo. Optei pela segunda via e paguei apenas 7 reais por dia com direito a cozinha comunitária, diga-se de passagem um grande veículo de promoção social na medida em que se geram intercâmbios interessantes como o da uruguaia Paula que conhecemos a cozinhar e que acabamos por trazer para Arembepe na viagem de regresso. Cinco estrelas esta menina.

Bom seja como for, não falta o que fazer a partir do Vale do Capão. Existem trilhas longas e trilhas mais pequenas consoante os gostos. Para quem quer apenas tomar uns banhos e não andar muito sugiro a Cachoeira de Conceição dos Gatos, o Riachinho ou ainda a Cachoeira do Rio Preto. Se a vontade é de caminhar, então abre-se um leque de opções. As Águas Claras podem ser visitadas num dia, andando uma média de 4 a 5 horas (ida e volta). Aqui o cenário é lindo, montanha castanha a toda a volta e ali no meio um pequeno oásis verde de onde brota água formando pequenas cachoeiras.


Existem cobras de água, cobras terrestres, escorpiões, lagartos, mas a maioria são inofensivos. Ao lado das Águas Claras fica o Morro dos Cristais, conhecido pelos cristais que abundam no seu topo e que continuam a fazer as delícias dos visitantes. Sugiro ainda duas outras trilhas, mais longas, e que poderão exigir uma ou mais pernoitas em campismo: a ida à Cachoeira da Fumaça, actualmente sem água por causa da seca, e o Vale do Paty que poderá demorar até cinco dias a ser concluída, mas que actualmente tem uma grande parte ardida.

A Chapada da Diamantina é ponto obrigatório para quem visita a Bahia. Nela os amantes de rappel, escalada, cannoying, mountain bike e trekking encontrarão o paraíso. Para os mais comedidos será uma experiência quase espiritual de bem estar físico e emocional.

O Litoral Norte da Bahia

A Bahia conhecida pela sua gastronomia, pela sua boa disposição e sobretudo pelas suas belíssimas praias é hoje o destaque no meu blog Camomila ao vento.
Na verdade, são centenas de quilómetros de costa banhada pelo Oceano Atlântico Sul onde a areia branca se funde com o verde dos coqueiros e o azul do mar. Muitas destas praias mantêm-se virgens e quase não são frequentadas representando assim verdadeiros oásis para quem quer desfrutar do calor bahiano e da pureza destas águas.

Encontro-me em Guarajuba, uma das regiões do litoral norte bahiano bem próximo da badalada Praia do Forte onde o turismo é a principal fonte de subsistência. Percorrendo a costa para cima ou para baixo, muitas serão as praias com paragem obrigatória. Começo por destacar a Barra do Jacuípe, onde o rio do mesmo nome e o mar se encontram. É uma fusão extremamente bela e pacífica que recomendo. Com as mesmas características poderão encontrar a Praia de Imbassaí igualmente serena e de uma beleza inigualável. Ambas são maioritariamente frequentadas por locais, sobretudo durante os fins-de-semana o que representa um índice de poluição elevado porque infelizmente alguns brasileiros ainda não aprenderam regras de civismo básicas como não deitar lixo para o chão. Neste caso para a água.


Mas continuando a percorrer a costa surge à vista Arembepe. Famosa pela aldeia hippie que já aqui apresentei, esta vila tem uma praia que imediatamente antes se cruza com outro rio. Parece quase uma barragem natural que forma pequenas piscinas naturais de água quente, bem apetitosas para um banho a meio da tarde ou até mesmo da manhã. A própria aldeia hippie tem praia, mas o vento aqui acaba por ser desagradável, prova disso é que até os coqueiros já ganharam inclinação.

Sigo agora para a Praia do Forte, atracção turística pelas suas piscinas naturais, pela prática do surf e pela vasta oferta de produtos regionais como as caipirinhas de frutas, a água de coco, o caldo de cana, o acarajé, o queijo coalho assado com orégãos, ou ainda as cocadas – pequenas bolachas feitas a partir do côco. Esta praia, com excepção do excesso de visitantes, tem a vantagem de apresentar pequenas lagoas quando a maré está vaza permitindo-nos assim mergulhos em água morna ao mesmo tempo que se contacta de perto com a fauna e flora locais e se vislumbram até alguns corais. Cuidado, porque cortam.

Termino com uma das praias mais belas do litoral norte da Bahia, a Praia do Diogo. Para lá chegar é preciso atravessar uma pequena vila de terra avermelhada quente, percorrer uma ponte de madeira, subir pela areia branca que escalda e andar durante uns 15 minutos por entre as dunas debaixo de um sol abrasador. Pelo meio não se admirem se virem umas cobritas pequenas ou uns lagartos, eles têm mais medo que nós por isso prossigam o caminho. Quando a vegetação termina e aos nossos olhos se abre um horizonte azul esverdeado com ondas sabemos que a recompensa pelo esforço valeu a pena. Naturalmente pelo caminho que se tem de fazer para aqui chegar, a praia é quase deserta o que na minha opinião é ainda melhor.
Mantenham-se atentos às publicações da Camomila ao Vento. O próximo tema é Chapada da Diamantina.

08/10/2010

Morro de São Paulo…um oásis em plena selva urbana

Certamente muitos de vocês já ouviram falar no Morro de São Paulo e pelas melhores razões. Também eu já tinha ouvido falar muito e decidi experimentar por mim mesma a ver se tais elogios correspondiam à verdade ou se eram apenas marketing. Posso dizer-vos que superou em muito as minhas expectativas, o Morro é um sitio simplesmente maravilhoso, habitado por pessoas humildes, alegres, dispostas a ajudar e que querem viver a vida dia a dia.

Aqui reina uma tranquilidade única. É impossível nos sentirmos stressados porque não há horas para nada nem pressas. O Morro é uma ilha dividida em 5 praias principais. A primeira destinada ao surf, a segunda e terceiras com uma beleza natural de fascinar e as quarta e quinta praia são quase desertas pelo que são um cenário a não perder, embora me tenham avisado que durante a noite este local é muitas vezes refugio para uma noite de sexo selvagem entre habitantes locais e turistas. Vai-se lá saber porquê :P

Por falar em habitantes locais, aqui ninguém discute, todos se conhecem, todos se ajudam, e todos querem fazer do Morro um local a visitar novamente. Eu tive a sorte de encontrar o melhor guia turístico possível, o Gelluchi (espero não me ter enganado a escrever o nome hehe), e foi da forma mais natural possível. Basicamente ele estava a cantar uma música de capoeira que reconheci e cantei em conjunto. Este foi o mote para uma amizade que ali nasceu e que me fez subitamente conhecer todos os restantes habitantes da ilha, vivendo assim como uma nativa.

O Gelluchi é cozinheiro, esteve na Argentina a trabalhar e morar, e agora está de volta ao Morro. Este é normalmente o percurso dos habitantes, porque durante a época alta a ilha enche-se, mas em Julho e Agosto não há nada pra fazer e portanto é preciso encontrar recursos alternativos. Lembro que o Morro vive do turismo.
Durante a minha estadia, e graças ao Gelluchi que me apresentou a toda a gente deixando-me completamente à vontade, fui a uma festinha na Toca do Morcego, um local idílico de onde se tem um dos melhores nasceres do sol e uma das melhores vistas sobre a ilha. Estava tão feliz que até exagerei na dose de caipirinhas. Lol. No dia a seguir foi a vez de ir à inauguração do Bar One Love. Houve direito a festinha de reggae, e mais uma vez estive a sorrir permanentemente, porquê? Porque aqui é impossível não se ser feliz.

Tive imensa pena de ter que voltar embora, até porque recebi logo convites para ficar lá a dormir, e para jantar em casa não sei de quem, mas estava com amigos e tive de voltar para Guarajuba. De qualquer modo, o Morro é um local a voltar com 100% de certeza.
Obrigada a todos na ilha, obrigada pelo axé, pela vibe :)

Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa

Visitar o Brasil e não ir ao seu maior cartão-de-visita, o Rio de Janeiro, é quase pecado. Por isso, agarrei nas malas e fui num voo doméstico àquela que é considerada a cidade maravilhosa, cenário da generalidade das novelas que todos os dias imperam no prime-time da televisão portuguesa.

Instalei-me em Copacabana, uma das zonas mais turísticas do Brasil, de frente para o Calçadão onde todos os dias milhares de cariocas fazem o seu jogging para seguir a máxima do culto do corpo. De todas as idades, é vê-los correr, andar, passear de bicicleta, skate ou na praia a jogar futebol ou voleyball. Depois do exercício vem a tradicional água de coco para hidratar e nutrir. Também uma tigela de açaí é bem-vinda, afinal de contas é um alimento altamente completo e com um preço extremamente acessível. O calçadão percorre as melhores praias do Rio de Janeiro – Copacabana, Ipanema, Leblon entre outros e é sem dúvida um percurso a fazer até porque nos permite ter uma visão do quanto esta cidade é grandiosa.

Apesar do glamour normalmente associado ao Rio não esperem que esta cidade seja só riqueza, bem pelo contrário nela existem mais de duas favelas, o maior flagelo brasileiro, à qual se associam elevadas taxas de criminalidade. Na verdade, tive a oportunidade de ir almoçar à Favela da Rocinha e digo-vos se se limitarem à primeira fila de edifícios e se souberem comportar irão apreciar a visita e comer a melhor refeição a preços de chorar.

Mas o Rio de Janeiro é uma cidade maravilhosa, não duvidem. A sua riqueza natural e a beleza dos morros a rodear as praias tornam-na singular. A floresta da Tijuca que deu nome a um dos bairros mais in da cidade, a Barra da Tijuca, é densa, bela, perigosa e cheia de diversidade. Não deixem de visitar a Prainha, que fica depois da Barra. É uma praia quase deserta, apenas frequentada por surfistas e turistas, mas que vale a pena é linda. No interior da cidade ficam os marcos turísticos, nomeadamente o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor que naturalmente merecem visita especialmente pela vista que nos permitem ter da cidade. Dela conseguimos avistar o Sambódromo, o Estádio do Maracanã, a Lapa, entre outros. Por falar em Lapa, deixem-me deixar-vos uma sugestão. Se visitarem a cidade maravilhosa e se quiserem divertir não deixem de ir à Lapa, digamos que esta é a parte antiga da cidade mas que tem vindo a ser revitalizada ao longo dos anos, constituindo hoje um local de diversão, seguro e relativamente acessível. Aqui não falta bossanova, forro, samba, pagode e também outros estilos de música menos característicos.

Para fechar em chave de ouro, e se gostam de samba, experimentem uma aula nas escolas de Samba que se encontram espalhadas pela cidade, normalmente nos centros desportivos que ficam à entrada das favelas. É seguro lá irem, e vão ter uma experiência bem brasileira para mais tarde recordar.
Assim é a cidade que inspirou tantos músicos e que celebrizou a “Garota de Ipanema”.
Já com saudade…