13/11/2010

Campo Grande, a um passo do Pantanal Mato-Grossense

Após nova aventura em autocarros brasileiros - desta vez a viagem custou 170 reais e demorou 22 horas - lá fomos de Ouro Preto em Minas Gerais para Campo Grande, capital do estado de Mato Grosso do Sul. Embora esta cidade tenha cerca de 800 mil habitantes, a verdade é que não se sente aqui o frenesim característico de uma capital de estado como acontece em São Paulo ou Rio de Janeiro, o que é bom. Como mochileira que sou detesto andar enfiada no meio do caos urbano, prefiro cidades mais pacatas onde seja possível apreciar o quotidiano dos locais e onde não tenha constantemente que olhar por onde ando com medo de ser roubada.

E assim, chegados a Campo Grande ficamos novamente em couchsurfing, agora em casa da Vanessa e da sua mãe Ana que calorosamente nos hospedaram em sua casa, na companhia das gatas Buh e Bia e da cadela Kate. Não podiamos ter tido melhor recepção, por isso fica aqui a palavra de agradecimento a ambas. Não há duvida que o couchsurfing é uma ferramenta fundamental para quem quer viajar, através dele conhecemos pessoas maravilhosas e sobretudo trocamos experiências que são inspiradoras.

Campo Grande não é uma cidade muito turistica, contudo como é ponto de passagem para o Pantanal Mato-Grossense, acaba por ser uma primeira amostra do que iremos encontrar nesta região do país. Portanto ficam algumas sugestões do que visitar aqui.
A referência geográfica é a Avenida Afonso Pena que dá acesso ao Mercadão e ao Camelódromo, dois espaços comerciais recheados de produtos regionais a bons preços. Sugestões: provar o pastel de jacaré e beber o Tereré, que é uma espécie de infusão gelada com erva mate (em São Paulo usam a mesma erva mas quente e chamam-lhe chimarrão). Daqui vale a pena visitar a Casa do Artesão com muito artesanato alusivo à fauna e flora do pantanal, bem como a Morada dos Baís onde abundam panfletos com mapas da cidade e brochuras sobre o Pantanal. São turísticos, mas tem muita informação sobre a cultura indígena local.

Depois de passar uma manhã nesta área, aconselho um almoço volante numa das muitas praças que aqui existem, a Praça Ary Coelho é talvez a mais central. Infelizmente o chafariz que la existe não está em funcionamento o que é mau porque com o calor que se faz sentir em Campo Grande, uma refrescadela na água sabia que nem ginjas. Bom, daí descer para o Memorial da Cultura Apolónio de Carvalho.

Aqui há sempre exposições de artes plásticas patentes que são interessantes, para além de que no primeiro andar há um acervo arqueológico permanente que é paragem obrigatório. Ficarão a conhecer um pouco mais da cultura indigena local, dos artefactos arqueológicos que foram encontrados nesta região, é muito interessante mesmo. Há também quem sugira uma visita à Antiga Estação Ferroviária e ao mais antigo hotel da cidade, o Hotel Gaspar, mas na minha opinião não vale a pena a caminhada. Como ambos os edificios estão a ser alvo de uma reestruturação acaba por não haver muito que ver.
A pérola de Campo Grande fica no final da Avenida Afonso Pena perto do único shopping da cidade. Chama-se Parque das Nações Unidas Indigenas e é um parque muito grande que nem num dia inteiro consegue ser visitado. Logo no início há um grande lago ladeado por uma estátua de um indio cavaleiro, a concha acústica onde ocorrem concertos e o Museu de Arte Contemporânea que actualmente exibe a exposição cinematográfica "Rebobine por favor", bem como a exposição de Pintura de comemoração dos 150 anos do banco Caixa - é uma coleção de artistas brasileiras que em pinceladas conta alguns episódios da história do Brasil.

Mais adiante fica o monumento do Indio e o Museu das Culturas Dom Bosco. Bem, este sítio é quase religioso. Tentem encontrar uma pessoa chamada Juliano, se tiverem a sorte de o ter como guia na viagem ao museu estarão em dia de sorte. Ele é uma enciclopédia aberta, sabe tanto que dá vontade de ter um gravador por perto para não perder pitada do que ele diz. O museu fala essencialmente da cultura indígena com um grandioso espólio de peças recolhidas em toda a região de Mato Grosso do Sul e em outras estados brasileiros, nomeadamente na Amazónia. Acabamos por perceber com esta visita que na verdade continua a haver muito por explorar acerca dos indigenas e que os mesmos têm tido um processo evolutivo bem grande. Para terem noção, no passado nenhuma tribo poderia ser liderada por uma mulher e o processo era hierárquico, agora é votação democrática e já há mulheres no poder. Espectacular :)

Infelizmente ficou por visitar um local, o Centro de Recuperação de Animais Silvestres que fica dentro do parque numa reserva natural. Aqui há de tudo, macacos, anacondas, onças pintadas, capivaras, tucanos, jacarés...Mas devido à fuga de uma onça e pelo facto de dois macacos estarem infectados com um vírus, não obtivemos autorização para visitar :(
A passagem por Campo Grande foi muito enriquecedora e abriu portas para o próximo cenário que vamos encontrar: Bonito. Pertence à Serra do Bodoquena e é um oásis natural à espera de ser explorado. Desvendarei este local no próximo post.
Até lá peguem nestas dicas e investiguem um pouco mais sobre este estado que faz fronteira com a Bolívia e Paraguai.

4 comentários:

  1. Increivel. Parece muito legal o lugar. Eu vou la para a próxima!

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  2. Sim sem duvida, e é um ponto de partida para poder chegar em Bonito que é espectacular.
    De seguida vou para Bolivia

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  3. Lá tem que ir para a ilha do sol. Eu nunca fui para esa ilha mas estava numa otra em Peru no mesmo lago. Titicaca. É hermoso!

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  4. Vou com certeza, a Bolivia é apaixonante!

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